Oncologia Genética
por Dra Roberta Galvão

Mutações BRCA 1/2 e tratamento de câncer de mama precoce: discutimos, do ponto de vista da oncogenética, lições aprendidas e perguntas ainda não respondidas após ASCO 2021.

Dois estudos avaliando o papel dos iPARP em pacientes com câncer de mama e mutação germinativa BRCA1/2 foram apresentados na ASCO2021: OlympiA (plenária) e o NEOTALA ( sessão pôster oral).

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OlympiA avaliou o painel do iPARP Olaparibe no tratamento adjuvante em pacientes com câncer de mama inicial HER2 negativo de alto risco portadoras de mutação germinativa BRCA1 e 2 após tratamento cirúrgico e quimioterapia (neo)adjuvante. O estudo mostrou que 1 ano de Olaparibe em adição ao tratamento padrão com quimioterapia (neo) adjuvante, cirurgia, radioterapia aumentou de forma estatisticamente significante a sobrevida livre de doença invasiva e a sobrevida de doença a distancia em 3 anos; Sem ganho estatisticamente significante em sobrevida global.

A análise de subgrupo deixou dúvida quanto ao benefício nos grupos de pacientes RH+ e aquelas previamente exposta a platina; Conforme discutido brilhantemente pela Dra. Tung, devemos ter cautela em interpretar análise exploratória. A amostra de pacientes RH+ é pequena e o resultado precoce; o racional permanece de se esperar resultados semelhantes em todos subgrupos assim como no estudo OlympiAD na doença metastática. Outros pontos discutidos seriam a introdução de outros tratamentos com inibidores de ciclina em RH+ e a comparação com capecitabina para TN.

O estudo NEOTALA avaliou o papel do iPARP Talazoparibe no tratamento neoadjuvante de pacientes com câncer de mama localmente avançado portadora de mutação germinativa BRCA1 e 2 ; Nesse pequeno estudo fase 2 paciente com mutação germinativa de BRCA que receberam tratamento neoadjuvante com Talazoparibe apresentaram taxa resposta patológica completa de aproximadamente 50% ( 15/20 TN; 17/20 BRCA1); Abrindo a discussão da oportunidade para descalonar a quimioterapia em carreadores de mutação germinativa BRCA 1 e 2 de baixo risco.

 

Quais lições foram aprendidas?

  • Uma nova perspectiva de tratamento para pacientes com câncer de mama inicial de alto risco portadora de mutação germinativa BRCA 1 e 2.
  • A mutação germinativa BRCA 1 e 2 se estabelece como biomarcador na definição de tratamento do câncer de mama, até o momento no cenário metastático e doença inicial de alto risco.
  • Devemos ampliar a indicação do teste genético quando incluímos a consideração de individualização do tratamento. Sabendo que: paciente com suspeita de síndrome de predisposição ao câncer deve receber abordagem mais ampla de avaliação que deve incluir outros genes além do BRCA, por outro lado a detecção de mutação germinativa em paciente sem antecedente pessoal e familiar sugestiva de síndrome de predisposição ao câncer exige uma avaliação oncogenética criteriosa para orientações de medidas de redução de risco e teste em cascata dos familiares que muitas vezes pode ser desafiadora.

 

Quais perguntas ainda não respondidas?

  • Qual seria o papel dos iPARP no cenário (neo) adjuvante em pacientes com mutações somática do BRCA e/ou mutações germinativas em outros genes RH (recombinação homóloga)? Dr. Tutt esclareceu muito bem sobre a importância de determinar se a mutação somática é bialélica ou monoalélica uma vez que a segunda hipótese não causa dano a via de RH e portanto não haveria benefício do iPARP; Talvez seja Importante determinar nesses outros pacientes sem mutação germinativa do BRCA a avaliação funcional da via RH e/ou assinaturas mutacionais que poderiam ser utilizadas como biomarcadores para selecionar os pacientes que potencialmente poderiam se beneficiar do tratamento.
  • Quais seriam os mecanismo envolvidos que justificam que até metade dos pacientes podem não apresentar benefício do iPARP ainda que tenham mutação germinativa do BRCA?
  • Os iPARP teriam papel no contexto preventivo?….

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