A maioria das pacientes com câncer de ovário é diagnosticada em estágio avançado da doença. E apesar dos grandes avanços na genética e medicina de precisão, que estão aumentando cada vez mais a expectativa de vida das pacientes com câncer de ovário, ainda não podemos falar em cura para essas pacientes.
Outro desafio importante com relação ao câncer de ovário é a falta de exames que permitam o diagnóstico precoce (rastreamento). Isso mesmo, o ultrassom transvaginal e o CA125, que são rotineiramente realizados no acompanhamento ginecológico, não garantem a prevenção eficaz.
Sem testes de detecção precoce e com pesquisas importantes demonstrando que, na maioria dos casos, detectar o câncer de ovário mesmo 18 a 24 meses antes do início dos sintomas não reduz a mortalidade, devemos nos concentrar em estratégias que funcionam e podem gerar mudanças reais e salvar vidas.
- 25% dos cânceres de ovário são causados por mutações genéticas hereditárias. Por isso, é primordial conhecer seus riscos, sua história familiar e, diante de mutações genéticas de alto risco (ex. BRCA, genes da síndrome de Lynch), entender as opções de cirurgia profilática de remoção de trompas e ovários (salpingooforectomia redutora de risco). O teste genético é fundamental para pacientes com câncer de ovário e seus familiares na identificação dessas mutações e pacientes de alto risco.
- 70% dos cânceres de ovário mais comuns e letais se iniciam, na verdade, nas trompas. Pesquisas mostram que a remoção das trompas durante alguma cirurgia pélvica, como a histerectomia (remoção do útero) ou a laqueadura (para evitar gestação), pode prevenir o câncer de ovário.
Assim, a entidade americana OCRA (Ovarian Cancer Research Alliance), em janeiro de 2023, passou a recomendar que mulheres de risco médio habitual (sem mutação genética) para câncer de ovário, que irão se submeter a algum procedimento cirúrgico, discutam com seu médico a possibilidade de remoção das trompas mantendo os ovários intactos (evitando a menopausa precoce), o que chamamos de salpingectomia oportunista. Esse procedimento, conforme pesquisas atuais, previne o câncer de ovário seroso de alto grau! A Sociedade de Oncologia Ginecológica (SGO) endossou essa recomendação.