Oncologia Genética
por Dra Roberta Galvão

O que é a Síndrome de Li Fraumeni?

A Síndrome de Li-Fraumeni (LFS) é uma síndrome hereditária de predisposição ao câncer que chama a atenção pela ampla variedade de cânceres encontrados nas famílias afetadas, o maior risco hereditário de desenvolver câncer em várias gerações e a idade relativamente precoce do diagnóstico de câncer, com quase metade dos indivíduos afetados tendo um diagnóstico de câncer antes dos 30 anos.

Os tipos mais comuns de câncer encontrados em famílias com LFS incluem osteossarcoma (câncer ósseo), sarcoma de tecidos moles, leucemia aguda, câncer de mama, câncer cerebral e tumores do córtex adrenal, que envolve um órgão na parte superior do rim. Um risco aumentado de melanoma, tumor de Wilms, que é um tipo de câncer de rim, e câncer de estômago, cólon, pâncreas, esôfago, pulmão e células germinativas gonadais (órgãos sexuais) também Já foram relatados.

Essa condição é hereditária, isso significa que o risco de câncer pode ser transmitido de geração em geração em uma família e é mais comumente causada por uma mutação (alteração) em um gene (no DNA) chamado TP53. Conforme estatísticas mundiais, essa é uma condição rara, porém é bem descrita uma variante no gene TP53 mais frequente no Brasil, o que torna mais importante essa suspeita clinica entre nossa população.

O diagnóstico é feito através de critérios clínicos pré definidos que leva em conta os diagnósticos de câncer do paciente e dos familiares e também com a realização do teste genético para análise do DNA e identificação da mutação (variante) no gene TP53.

Há algumas evidências de que uma mutação genética no TP53 pode fazer com que uma pessoa tenha uma sensibilidade aumentada à radiação ionizante (terapêutica). Quando possível, as pessoas com uma mutação germinativa no TP53 devem evitar ou minimizar a exposição à radiação diagnóstica, como certos exames (tomografias) e tratamentos que usam radiação para tratar o câncer, como a radioterapia.

Após o diagnóstico um plano de rastreamento (acompanhamento) intensivo melhora a sobrevida de pacientes com mutação TP53 que não apresentam quaisquer sinais ou sintomas de câncer. Pessoas que seguem este protocolo de triagem têm ciclos regulares de exames, incluindo: ressonância magnética de corpo inteiro, ressonância do cérebro, ultrassom abdominal e marcadores bioquímicos da função da adrenal. Este plano de exames intensivo exige acompanhamento com equipe especializada em oncogenética, uma vez que algum desses exames como a ressonância rápida de corpo inteiro pode não ser disponível como outros exames convencionais. Crianças e adultos devem ser submetidos a exames físicos anuais abrangentes, incluindo exames cuidadosos da pele e neurológicos.

Dada a complexidade da Síndrome, é necessário avaliação especifica da oncogenética para adequado diagnóstico e acompanhamento desses pacientes.

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