Oncologia Genética
por Dra Roberta Galvão

Existe exame de sangue para descobrir o câncer?

Biópsia líquida: usando DNA no sangue para detectar, rastrear e tratar o câncer.

Quando um paciente apresenta nódulos ou sintomas suspeitos, uma das primeiras coisas que o médico solicita é realizar uma biópsia de tecido – um procedimento para coletar células para um exame mais detalhado.

O exame da biópsia pode determinar se o câncer está presente, mostrar que tipo de câncer é e fornecer pistas sobre o prognóstico do paciente. Além disso, a análise molecular genética de uma amostra de biópsia do tumor também pode revelar informações que podem ajudar a orientar uma estratégia de tratamento personalizada.

Embora sejam importantes para o cuidado do paciente, as biópsias de tecido – que podem envolver uma agulha grande, um endoscópio ou cirurgia aberta – podem ser invasivas, arriscadas, caras e dolorosas. E alguns pacientes podem não conseguir fazer devido à inacessibilidade de seus tumores ou porque têm outras condições de saúde que os impedem de se submeter ao procedimento. Como esses fatores dificultam a realização de biópsias repetidas em um paciente, esses testes podem ser um método impraticável para acompanhar tumores conforme eles evoluem e mudam com o tempo durante o tratamento. No entanto, eles continuam sendo o padrão ouro para o diagnóstico inicial e obter informações sobre o câncer.

Com os avanços na pesquisa da genética do câncer, vemos hoje já sendo utilizada na prática em algumas situações uma nova abordagem, geralmente chamada de biópsia líquida, que depende da análise de pedaços de material do tumor – moléculas e células inteiras – que são encontrados em fluidos corporais, como sangue ou urina.

Algumas das utilidades da biópsia líquida:

  • Guiar o tratamento de medicina de precisão, através de características moleculares do câncer do paciente identificadas nessas biópsias, e
  • Monitorar as respostas dos pacientes à terapia durante e após a conclusão do tratamento.

Apesar do potencial dessas utilidades, existem algumas limitações para a aplicação da biópsia liquida como rotina na prática que incluem, pois nem todos os cânceres tem biomarcadores bem estabelecidos (como por exemplo uma mutação de DNA específica) que permite identificar e rastrear a doença. Outra limitação é que a análise de uma pequena amostra do DNA no sangue pode não representar o tumor real, porque os tumores podem ter diferentes partes com alterações genéticas distintas.

Há muitos desafios pela frente, mas com o avanço nas pesquisas da genética do câncer, as biópsias liquidas devem estar cada vez mais presente no diagnóstico, tratamento, acompanhamento e prevenção do câncer.

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