Oncologia Genética
por Dra Roberta Galvão

Tratamento agnóstico do câncer: um novo passo na medicina personalizada.

A imunoterapia e a terapia alvo mudaram a maneira como os médicos pensam sobre como tratamos o câncer. Esses métodos de tratamento fornecem uma maneira de tratar um tumor com base em sua composição genética específica, e não apenas em sua localização no corpo.

Recentemente, duas drogas receberam aprovação do FDA (Food and Drug Administration) nos EUA, dentro dessa perspectiva: o pembrolizumab para tumores com instabilidade de microssatélites e o larotrectinibe para tumores com mutações/fusões NTRK.

Mas o que exatamente significa “tratamento agnóstico de tumor” e por que é importante para pessoas com câncer?

O que é tratamento agnóstico do câncer?

Um tratamento agnóstico de tumor é um tratamento medicamentoso que é usado para tratar qualquer tipo de câncer, independentemente de onde começou no corpo ou do tipo de tecido a partir do qual se desenvolveu. Esse tipo de tratamento pode ser usado quando o tumor tem uma alteração molecular muito específica que é direcionada pelo medicamento ou prediz que o medicamento provavelmente funcionará.

A maioria dos tratamentos de câncer é desenvolvida para tratar um câncer que se desenvolveu em um órgão ou tecido específico, como câncer de mama ou de pulmão. Um tratamento agnóstico de tumor trata qualquer tipo de câncer, desde que o câncer tenha a alteração molecular específica visada pela droga.

Como são estudados os tratamento agnósticos e o que são os ‘basket trials’?

Para fazer avanços científicos, os médicos criam estudos de pesquisa envolvendo voluntários, chamados de ensaios clínicos.

Todos os medicamentos aprovados pela FDA foram testados em ensaios clínicos. Na maioria dos ensaios clínicos, os voluntários são pessoas com o mesmo tipo de câncer. No entanto, os tratamentos agnósticos de tumor são frequentemente estudados em um tipo especial de ensaio clínico denominado “Basket trial”.

Um estudo ‘Basket’ é um ensaio clínico que testa quão bem um medicamento específico funciona em muitos tipos diferentes de câncer ao mesmo tempo, todos com a mesma alteração genômica, como a fusão do gene NTRK citada acima. Os estudos ‘Basket’ permitem que pessoas com diferentes tipos de câncer se inscrevam no mesmo estudo clínico e recebam tratamento com o medicamento em estudo. A fim de analisar a eficácia do tratamento do estudo, os pacientes são agrupados em “cestas (basket)” que incluem pacientes que têm o mesmo tipo de câncer, como câncer de pulmão, e a mesma alteração genômica, como uma fusão do gene NTRK.

Muitas dessas alterações genéticas são raras, e os testes simples oferecem uma maneira mais eficiente de estudar um medicamento em tumores com alterações genéticas raras. Em testes clínicos tradicionais, que geralmente testam os efeitos de uma droga em um único tipo de câncer, geralmente é muito difícil encontrar um número suficiente de pessoas com câncer com uma mutação genética rara que possam se voluntariar para um estudo. Os estudos tipo ‘Basket’ podem ser particularmente úteis no estudo de cânceres raros ou câncer com mutações raras.

Por que isso é importante para o paciente?

O tratamento agnóstico de tumor representa uma nova maneira de pensar sobre como o câncer é tratado, que é bem diferente de como os planos de tratamento eram desenvolvidos no passado. Com tratamentos agnósticos de tumor, testar os genes do tumor ou outras características moleculares pode ajudar os médicos a decidir quais tratamentos podem ser melhores para um indivíduo com câncer, independentemente de onde o câncer está localizado ou de sua aparência ao microscópio. O teste molecular torna-se assim um elemento essencial do planejamento do tratamento. Este é um passo natural no desenvolvimento de medicina personalizada ou de precisão para o tratamento do câncer. Pessoas com câncer devem conversar com seus oncologistas sobre se o teste de seu tumor para alterações genéticas é apropriado.

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