Oncologia Genética
por Dra Roberta Galvão

Tenho mutação BRCA, preciso retirar o útero?

Mulheres que possuem alguma variante patogênica (mutação) herdada em um dos genes BRCA1 ou BRCA2 não necessariamente vão ter câncer mas seu risco durante da vida de desenvolver câncer de mama e ovário, principalmente, é muito elevado.

Para mulheres com variante genética no gene do BRCA1 o risco de câncer de ovário pode chegar a 40% enquanto que aquelas com variante genética no gene do BRCA2 este risco é cerca de 20% durante toda a vida.

Sabemos que não há exames de rastreamento (isto é, de acompanhamento) efetivo para diagnóstico precoce de câncer de ovário e portando a única medida preventiva eficaz é a cirurgia redutora de risco chamada de salpingooforectomia bilateral profilática que consiste na remoção de ambos os ovários e trompas de Falópio.

Importante lembrar que o câncer de ovário não é detectado pelo exame preventivo (papanicolau) que as mulheres fazem em sua rotina ginecológica para prevenção de câncer de colo de útero, assim como ultrassonografia transvaginal e a dosagem do CA 125 não são efetivos na detecção precoce do câncer de ovário e não devem ser utilizados como rastreamento.

O risco de câncer de útero (endométrio) e colo de útero não parecem estar aumentados em mulheres com mutação genética nos genes BRCA 1 e 2. Por isso, a cirurgia para remoção do útero (histerectomia) não é recomendada como medida redutora de risco. A menos que outras condições clínicas como miomas ou pólipos endometriais estejam presentes ou se a mulher considerar terapia de reposição hormonal após a salpigooforectomia.

Portanto ao se considerar cirurgia redutora de risco de câncer em mulheres portadoras de mutações genéticas em genes como BRCA 1 e BRCA2 é indispensável uma discussão com oncogeneticista para esclarecer riscos e benefícios e a indicação de cada procedimento.

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